segunda-feira, 13 de abril de 2015

Os becos sem saída do trotsquismo: eu te disse!

Um leitor que se identifica apenas como militante do PSTU me deixou um site da Liga Estratégia Revolucionária contendo auma velha polêmica entre várias organizações tais como a Conlutas e o PCO. A crítica do jornal Palavra Operária pode ser lida aqui. A polêmica data de 2008. Muita coisa mudou de lá para cá e o PCO, baseado numa leitura de que o Brasil seria uma nova república de Weimar, alia-se sistematicamente ao PT. 

Para tanto, baseia-se na leitura que Trotsky fez da ascensão de Hitler ao poder: os comunistas deveriam, no seu entender, aliar-se aos social-democratas para coibir a subida do nazismo ao poder. Quando se discute isso, parece que sempre se pensa principalmente em aliança parlamentar, eleitoral.

Em resposta, Stálin e o partido lhe responderam que a aliança não era possível: os projetos do fascismo e da social-democrata tinham muito mais em comum do que o projeto dos trabalhadores. A social-democracia abriu alas para o nazifascismo.

A postura do PT e de seu governo também excitam muitíssimo os nazifascistas e integralistas. Colocando todo mundo de verde e amarelo contra a estrela e a bandeira vermelha, esconde-se as contradições de classes, velha utilidade do nacionalismo e  ponto central do integralismo.

No meu entender, está para lá de evidente que a solução para combater milícias fascistas armadas matando gente nas ruas ou como reagir diante da iminência de um golpe armado contra o PT ("intervenção militar constitucional") é a atitude que o pessoal da Ucrânia, ou seja, a República Popular de  Donetsk tomou: ocupar prédios públicos, fazer milícias populares e comitês de autodefesa. Óbvio que um Guilherme Boulos do MTST não pretende fazer nada disso. Aliás, ele ainda pensa que "o antipetismo leva ao fascismo", embora diga que fascismo não pede diálogo e sim combate. 


É o PT, no entanto, que brinca com fogo ao fazer Comissão da Verdade para em seguida não punir ninguém de novo; ao usar a  bandeira da União Soviética, a estrela de cinco pontas, a face de Che Guevara, a imagem de Dilma ao tempo da luta armada e outros símbolos de esquerda como forma de acobertar que sua política implica, cada vez mais, em perdas para os trabalhadores e classe média. Ao usar esses símbolos, assim como promover cotas para negros em universidades e outras políticas compensatórias, o PT atiça contra si a extrema-direita para espumar de raiva, chamá-lo de radical, de comunista, etc. Essas imprecações tomam a mídia e as redes sociais e o PT posa de "comunista" radical, enquanto pratica privatizações, terceirizações, etc.

No entanto, a jogada vai ser perigosa daqui para diante, pois entre os dois "times" vai correr sangue. Já começaram os atentados contra sedes do PT. A escalada de violência mútua entre os militantes de base irá contaminar todo o país, em escala estadual e municipal. No entanto, na cúpula PT e PSDB continuarão a intercambiar quadros, fazer alianças em municípios, votar as mesmas agendas, etc. Só que isso tende, mais e mais, a gerar um quadro complicado.



Trotsky disse isso tudo apenas da boca para fora, na prática, por debaixo dos panos, aliou-se aos nazistas contra a URSS. O historiador norte-americano Grover Furr trabalhou com a hipótese de que Trotsky tinha começado os contatos com o estado-maior da Alemanha já em 1923. O historiador italiano Domenico Losurdo afirmou que em 1929, textos de Trotsky foram transmitidos via rádio para a União Soviética a partir da Alemanha.

O que há em comum entre nosso cenário e o cenário alemão é que, tanto aqui quanto lá, está bem evidente que existe mais convergência entre o projeto neoliberal "social-democrata" do PT e projeto neoliberal mais tradicional do PSDB do que entre esses dois projetos e os movimentos sociais organizados do campo e da cidade. A extrema-direita, contando com a simpatia da grande mídia, está organizando seus atos longe da esquerda, sempre em fins de semana (para não atrapalhar a produção, afinal) e sempre pacificamente (ela é guardiã da propriedade privada, não sua inimiga).

Sendo assim, quando o PT reage contra a esquerda não-petista, é dando uma porrada enorme, mas quando reage contra a extrema-direita, é tapa de luva e busca de forma conivente  roubar suas bandeiras. A mobilização da extrema-direita tem feito a agenda reaça no Congresso Nacional caminhar muito bem: diminuição da maioridade penal, legalização da terceirização, tudo isso caminha para aprovação. Tudo isso terá o efeito de apagar um incêndio com gasolina, pois as demandas populares não foram atendidas e sim preteridas. Novos junhos virão.


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