sexta-feira, 9 de maio de 2014

Tréplica ao Coletivo Lênin: Guzmán será o Gramsci do futuro


Em primeiro, a minha crítica ao PSTU é justamente ao fato de que ele pressupõe que, como um repórter do jornal A Nova Democracia, Patrick Granja, estava no episódio do apedrejamento da sede do PSTU, o MEPR esteve envolvido. Só que não, né. O MEPR não comemorou o fato, rebateu acusações, apontou as reais razões, exigiu provas e publicação dos vídeos que o PSTU alegou ter, o que foi feito e não provou nada. Apenas constatou a agressividade do PSTU contra os que dele divergem (revidada pelos anarquistas), notória também no Sindipetro, quando houve tentativa da FIP de esclarecer o episódio e o PSTU agiu como se Sindipetro fosse de sua propriedade, impedindo o acesso de militantes da FIP ao local.

Quem agride os outros não pode ficar se fazendo de coitadinho quando alguém revida.

Quem acobertou as mentiras foi a LBI, o PSTU, o PCB, o PSOL e o PCML e, como se pode notar, também vocês do coletivo Lênin. E eu sei a razão porque o fazem: CORPORATIVISMO TROTSQUISTA!!! Afinal, em tantos outros assuntos vocês brigam todos e divergem. O PSOL chegou a soltar nota aceitando a destruição das estátuas de Lênin em nome do combate ao nacionalismo grão-russo, assim como dizendo que na Ucrânia depois do golpe nazista está ocorrendo uma revolução, além de chamar Putin de "stalinista". É algo muito, muito torpe e que faz lembrar a acusação dura de Fidel, quando os trotsquistas locais começaram a fofocar dizendo que Guevara tinha sido preso por Fidel e a burocratização triunfara: "trotsquismo, instrumento vulgar do imperialismo!"
Quando a realidade não lhes favorece, vocês invertem. Nota-se isso linha após linha. Para vocês, o que unifica as correntes da FIP é a tática de boicote às eleições, que vocês chamam, NO MESMO PARÁGRAFO, de "eleitoralista" e "infantil"!!!

O professor Grover Furr, de Montclair State University, elencou, sobre as evidências da colaboração de Trotsky, mais ou menos duzentas páginas com evidências. Não há provas de que as confissões de Moscou são falsas. Essa prova nunca apareceu e os processos devem ser estudados e, até prova em contrário, são verdadeiros.

Reitero: seu artigo, trotsquistas, era um ataque ao maoismo, escudado no fato de que o Partido Comunista Peruano foi derrotado e sobrevivem apenas alguns remanescentes em uma região, enquanto o MOVADEF tenta, mas não consegue, virar partido político. No entanto, os remanescentes ainda publicam textos, publicaram um, inclusive, criticando e debatendo o texto do acadêmico David Pumacahua, que sistematiza alguns conceitos de origem no PCP, mas sem citar o PCP. O texto chama-se O Capitalismo Burocrático.

O Vietnã seria, então, um país não-capitalista onde a guerra popular foi viável  e o Peru, um país capitalista onde não foi viável? 

Para a URSS pós-Kruschev, os maoistas consideram o conceito de social-imperialismo. Com a destruição dos resíduos do poder soviético, o contexto internacional pesou, ele é importante, mas não é tudo, afinal, partir de então, uma grande ofensiva foi lançada contra o PCP, inclusive a república democrática cedeu a uma ditadura civil-militar.
E sobre o MST: hum, que mais radical é esse MST dos seus sonhos, hein, amigos? MST armado! Ouuua! Salve a grande guerrilheira Dilma Rousseff e seu governo castro-chavista! Que fofura! Voltem da Fofolândia, amigos, para o mundo real!

Que artigo confuso esse de vocês sobre o MST! A barafunda cita o revisionista Gorender, que achava que o fim da escravidão era a revolução burguesa (!) Falta entender o beabá, amigos: introduziram-se relações capitalistas plenas no campo e o latifúndio continuou? Ah, Latifúndio lá é compatível com relações capitalistas plenas no campo??? Deixa que vou ali pingar meu colírio alucinógeno...

Não desprezem Guzmán. Ele será o Gramsci do futuro.

A resposta foge um pouco do assunto aqui, mas vamos lá.

Na verdade, o MEPR não estava no ataque à sede do PSTU. A relação que a gente faz é com as reações de comemoração e acobertamento por parte do MEPR. E pra isso, a gente vai falar do senderismo.

A FIP não é um pólo da esquerda que se opõe ao Estado contra um pólo cooptado pelo Estado, na verdade existem setores autonomistas e anarquistas fora da FIP. O que unifica as correntes da FIP é a concepção infantil e, de certa forma, eleitoralista, de transformar a tática de boicote eleitoral num divisor de águas na esquerda. Por isso na FIP podem conviver os maoístas do MEPR com grupos que se renderam politicamente de forma incondicional, como a OATL, mesmo com várias divergências.

A ladainha de que os trotskistas se aliaram a Hitler é risível, e mostra que vocês não são sérios. Mostrem um só documento que não sejam as "confissões" forçadas dos processos de Moscou...

Nós somos trotskistas, por isso rejeitamos a estratégia maoísta de revolução por etapas, a primeira antifeudal e antiimperialista, chamada de Nova Democracia, e só depois a luta pelo socialismo. A gente fala isso no nosso artigo, como o foco não era uma crítica global do maoísmo, e sim o caso de degeneração específico do PCP, a gente não se aprofundou muito.

Sim, houve uma repressão brutal no Peru que levou à derrota da guerra popular. Porém, como o próprio Mao falou em Sobre a Contradição, não devemos procurar as causas das derrotas populares nos inimigos, porque não se espera que eles ajam de forma diferente para reprimir o povo, e sim nas contradições e erros no campo do povo. E o erro principal, como dissemos, foi tentar reproduzir a guerra popular prolongada em condições totalmente diferentes, no Peru capitalista dos anos 1980.

A derrota da guerra popular não pode ser considerada uma prova da universalidade do maoísmo, que seria a primeira contribuição do Presidente Gonzalo, segundo vocês (aliás, invocar a queda do Leste Europeu é absurdo, porque o PCP considerava a URSS um país imperialista). Sobre a segunda contribuição, o PCP não tem nada de original, porque muitas outras guerras populares foram empreendidas depois da Revolução Chinesa, inclusive com uma vitoriosa, que foi a do Vietnã.

Saudações Comunistas! 
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Respostas
  1. Nesse artigo, nós explicamos porque a estratégia de guerra popular prolongada não se aplica em países onde as relações de produção capitalistas são predominantes

    http://coletivolenin.blogspot.com/2012/02/defender-o-mst-lutar-pela-revolucao.html

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