sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Uma Vida em Cartas: George Orwell

A Companhia das Letras acaba de lançar algumas das cartas de George Orwell, Uma Vida em Cartas. Algumas delas saíram na Revista Piauí. 

Nelas, Orwell mostra porque tende ao maniqueísmo em Revolução dos Bichos e em 1984. Ele vai à Espanha e passa a torcer claramente pelo POUM e por Trotsky. E passa a militar por eles, sem medo de exagerar e mentir, agindo não como repórter que olha os dois lados e registra os fatos, mas como partidário apaixonado dos trostquistas e anarquistas. Ele nem sequer reconhece que houve um levante contra a frente popular (ou seja, contra o governo espanhol) em maio de 37, por exemplo, atropelando os fatos. 

George Orwell mentiu em suas cartas ("Espero sair com vida para escrever", Revista Piauí_81) a respeito da não-existência da conspiração entre trotsquistas e franquistas. A conspiração existiu, há evidências. Vejam uma prova abaixo, uma transcrição de um julgamento na Alemanha nazista:
No início de 1938, durante a Guerra Civil Espanhola, o acusado obteve a informação, graças à sua capacidade de oficial, de que uma rebelião contra o governo local vermelho no território de Barcelona estava sendo preparado com a co-operação do serviço secreto alemão. Esta informação, com colaboração de Pöllnitz, foi transmitida por ele para a Embaixada da Rússia Soviética, em Paris."
Pöllnitz" era Gisella von Pöllnitz, uma recente recruta da "Orquestra Vermelha" (Rote Kapelle), rede anti-nazista de espionagem soviética que trabalhou para a United Press e que "empurrou o relatório através da caixa de correio da embaixada soviética" (Brysac, resistindo a Hitler: Mildred Harnack e a Orquestra Vermelha. Oxford University Press, 2000, p 237).
A prova está num livro que reúne os julgamentos no terceiro reich, de autoria de Norbert Haase: Haase, Norbert. Das Reichskriegsgericht und der Widerstand gegen die nationalsozialistische Herrschaft. Berlin: Druckerei der Justizvollzugsanstalt Tegel, 1993). O parágrafo relevante está na página 105.

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