sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Sobre a resenha de um gramsciano contra Hoxha




Lendo a resenha antiga do livro do gramsciano Luiz Sérgio Henriques sobre o livro Imperialismo e Revolução, de Enver Hoxha, disponível abaixo:

http://www.materialismo.net/2012/11/luiz-sergio-n-henriques-no-marxismo-de.html


Faço algumas observações. Em primeiro, Henriques, como gramsciano e organizador do site Gramsci e o Brasil, com certeza ele se vê retratado nos togliattistas que ali são chamados de revisionistas e renegados. Daí sua absoluta má vontade com  a "versão de quinta categoria da codificação staliniana" do pensamento de Marx e Lenin. Assim, Henriques impinge seu vocabulário "marxiano" até a Stálin.

Será que Henriques conhece codificações de "primeira categoria" da codificação staliniana? Ele acusa Hoxha de diminuir a riqueza e a diversidade da obra de Marx, ou seja, acusa-o de caricaturá-lo. Mas não se trata apenas de Marx aqui, como repetem com ânimo dogmático os gramsci-lukácsianos que ficam "escavando" a obra de Marx. Trata-se de Lênin e de seu fiel seguidor, Stálin.

A revisão do marxismo que fazem e que gera o marxismo "marxiano" só é pluralista no sentido de dialogar com as vertentes que renegam o marxismo bolchevique. Quando se trata de reconhecer a óbvia continuidade entre Marx, Lênin e Stálin, acaba o amor ao pluralismo e vemos, então, a verdadeira face desses burocratas de partido e catedráticos autoritários.  Brotam, então, os argumentos de autoridade e o tom doutoral dos José Paulo Netto da vida.

Ainda que Hoxha exagere ao renegar até mesmo o maoísmo como revisionista, Henriques não argumenta, vitupera e injuria: "religioso", "franciscamente pobre", etc.  Pode ser que Hoxha tenha errado quando escreveu que não se deve particularizar o marxismo-leninismo. Se essa argumentação teve então um papel  descolonizador na sociedade semi-colonial chinesa, de fato, posteriormente, isso abriu para que se argumente, com a autorização do maoísmo, que a China assumiu um "socialismo com características chinesas", na verdade um revisionismo que começou em 1976, com o afastamento dos antigos maoístas.

Mas absolutamente inaceitável é a argumentação final de Henriques, dizendo que a teoria de Hoxha não merece lugar porque não "enriquece" a "sociedade civil" na democracia [burguesa] que se está construindo naquele período (final da ditadura militar, quando esse livro foi publicado pela primeira vez). Aí Henriques está fazendo o que diz que Hoxha faz: não tolera e proíbe de uma interpretação do marxismo diferente da dele. Ele denuncia essa interpretação como totalitária, como se existisse outra alternativa senão o totalitarismo da burguesia ou o totalitarismo do proletariado. É claro que Henriques com sua "sociedade civil", que não é mais do que a ideologia da pequena-burguesia sob um nome bonito, está ao lado do totalitarismo disfarçado da burguesia e deseja marginalizar e excluir qualquer um que proponha o totalitarismo do proletariado. Como sua classe, Henriques também é totalitário.

E pelo que se vê pelo Brasil hoje em dia, os gramscianos obtiveram muito, mas muito sucesso em sua empreitada!











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