terça-feira, 19 de junho de 2012

Carta ao professor Marcos Nobre

Professor Marcos Nobre: somente hoje vi seu debate com Pondé, mediado por Otavio Frias Filho. Não conhecia você, nem sabia que você era da jovem e mui competente paulista da "niu genereixôn" do Cebrap, que nosso amigo Glauber Rocha há muito intitulou "gancho do Pentágono" e que as teorias da conspiração ficam supondo loucamente que recebeu dinheiro da CIA via Fundação Ford na Guerra Fria.

Pondo de parte todas essas "loucuras", discordei totalmente de suas posições no debate e achei: 1) se você diz que a revolução russa atrapalhou a esquerda da época, das duas uma: ou  você é um iludido, um bobo ou finge de bobo, ou seja, age conscientemente de má fé. Sinceramente? Aposto na segunda opção. Porque a revolução russa, além de ser marco importante no debate político ainda hoje, senão o divisor de águas, pois apontou qual é a vanguarda histórica do nosso tempo, simplesmente acabou com a matança da I Guerra Mundial, ou seja, salvou milhões de vidas, inspirou povos a derrubarem monarquias, colônias a se libertarem. Não é aceitável que um professor universitário ignore isso, sob justificativa alguma.

Outro ponto é que você perdeu uma grande oportunidade de apontar a Pondé o quanto ele pensa com conceitos rígidos, senão mumificados, tendo pontos em comum com a escolástica, o social-darwinismo ou até mesmo o pensamento enlouquecido do terrorista Breivik. Faltou você dizer a ele que ele caricatura grotescamente a esquerda, faltou você citar pensadores de esquerda, faltou você dizer a ele que a esquerda é minoritária mesmo nas escolas e que é ainda mais minoritária, senão inexistente, na televião, que é o meio que mais conta. Pedisse a ele para citar professores universitários que são militantes de partidos de esquerda. Faltou você dizer a Pondé que ele tem com interlocutor supostamente de esquerda o governo Dilma e não o governo Obama, e que quando ele fala mal de mulheres todos sabemos quem ele quer atingir. Mas faltou tudo a você nesse seu debate, ou nessa sua "débâcle", né? 

E não me venha chamar de direita. Dizer que o estado de hoje é poroso e que as  teorias do Marx e Lênin desapareceram por causa disso foi simplesmente um raciocínio enganoso. Nós sabemos como esse estado pode ser vigilante e ácido com aquilo que ele julga perigoso. Com a desculpa de que o poder não está no estado, mas em todo lugar, é capilar, como os pós-modernos em geral, você estaria melhor colocado.

 Foi como aquela frase do Machado esse seu debate: "Falta eu mesmo e essa falta é tudo".

Espero que você continue lendo esse blog e não se ofenda com essa cartinha cordial de um amigo! 

Abs do Lúcio Jr!






Nenhum comentário: