sábado, 22 de outubro de 2011

Condenados à Traição

[Improviso a partir do texto Condenados à Tradição, de Iuma Simon, publicado na última revista Piauí].

Eucanaã
Não encontrará
Sua Canaã

No midiático oficialismo
Na institucionalização progressiva
No highbrow calculismo

A poesia que Eucanaã
Escreve
Revencia a tradição
& se apropria dela

Carlito e Eucanaã
Temperam suas Canaãs geracionais
Com seus próprios paradigmas
Ao molho retradicionalizador
De uma tal
Maria Simon


Maria diz sem pietá:
Carlito Azedo é
Doce rigor construtivo
vertigem sintática &
escancarado esteticismo;
Carlito Carlitos
usa um dispositivo
Para a dissolução referencial
Das luzes da ribalta.

Maria, Maria, é um dom
Ela diz com certa magia
Contundente cabralismo;
Carlito se alimenta do espetáculo
Do texto indeterminado
Movido pelo desejo
De ornamento e beleza.


Já Eucanaã é Ferrabrás:
Emoção e beleza
curam as cicatrizes da construção
Cabralismo com afeto
Delicadeza e diálogo:
Autores portugueses.

O ritmo do desejo corrige e humaniza
(sentimentaliza?)
A racionalidade construtiva

5 comentários:

Wilson Torres Nanini disse...

muito criativo!

Mas será que Eucanaã e Carlito merecem?

Abraçso!

Revistacidadesol disse...

Oi, Wilson.

Se merecem, não sei, mas eles têm se consagrado...

Abs do Lúcio Jr!

Revistacidadesol disse...

Those who copy or occupy the aesthetics invented by others are (usually) tame and so politically correct that it would make a full blown lobster shrink into a shrimp.

Those who try to rob us of our identities and build a superficial carbon copy of what we suffered to put out, squeezed our soul to put out, ironically are the very same ones who seem to get all the work.

Of course: they’re simple and empty.

We? We’re complicated, severe and short tempered. We suffer from deep anxieties, anguishes and our work derives from a lot of internal foresight and intuition. No, we, the artists, do not concern ourselves with box office results. Neither do we really care about what is said by critics (good or bad), because we do have a very good sense of how History plays tricks, but eventually comes around to punch the status quo in the nose.

Creating is like giving birth: it hurts.

Copying is like cloning: it’s all “in vitro fertilization”.

We are a bitch to deal with. They’re not. All they need to do is to look at what we’ve done throughout our lives – and have suffered as a result of it – and then put out a bad version of it. Since the public – at large – has no memory (and no culture to resort to), a shitty imitation passes for new.

I’ve been told -more than a handful of times- that I’m “too much of a personality”. I accepted that as a compliment (for decades, in fact), but now I’m beginning to understand that, obviously, the replacement products who have imitated me, have “no personality”. I wonder what Orson Welles might have replied to that. Or Samuel Beckett, for that matter. Or, even Jackson Pollock! Here’s an entry I found from my diary, written a few years ago:

“Have you ever lived on the edge and seeing your name massacred or praised – equally ridiculous – by the critics? I mean, do you “know” what that feeling is really like? I guess not. You, the one reading me, have chosen to lead a protected life, a life in the shadows and I really don’t blame you.


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Novos comentários do Gerald Thomas. Respondo.

Aqui não se ocupa ou copia a estética da fome do Glauber ou o estilo das colunas do Gerald. Devora-se antropofagicamente.


E pode-se ser um artista cheio de personalidade, mas não é preciso ser grosso nem estúpido. O melhor é ser simples. E nada vazio.

Abs do Lúcio Jr.

Revistacidadesol disse...

Eu sempre quis saber o que Gerald tinha a ver com o Nelson Rodrigues, agora lendo Fernando Peixoto falar sobre Vestido de Noiva, descobri: é uma cabeça quebrada que faz quebra-cabeça. O que ele fez nos anos 80 foi de certa forma um remake da montagem de 43: eletrizou uma intelectualidade sensível a uma estética importada, mistificando o encenador e a encenação, fazendo com que a encenação esconda as fraquezas e superficialidades do texto, gerando o esteticismo eclético-burguês que fez furor no Teatro Brasileiro de Comédia.

"Vestido de Noiva" foi a ascensão da burguesia no teatro, segundo Fernando Peixoto em Teatro em Movimento...e gt, nos anos 80, foi sua apoteose...

Maxwell Soares disse...

Excelente teu blogger. Sabendo que você é um apaixonado por Nietzche quero convidá-lo para deixar sua impressão em meu blogger. Será de grande valia.