terça-feira, 17 de novembro de 2009

Glauber 70 anos e o último poema dele

Dia 14 passado, Glauber Rocha faria setenta anos.

O último poema de Glauber, lido de joelhos no palco por sua amiga Norma Bengell:

Não morri na cruz na Sexta-feira da Paixão
e depois do terremoto segui minha volta pelo mundo
Esta é a terceira e definitiva.

Do Palácio Rio Branco raiará a luz do mundo antes do século 3.

O rei da morte será o rei da vida

e o povo pobre será o povo rico

a cruz desaparecerá e os símbolos serão infinitos.

Se o homem continuar a comer os bichos

Os bichos comerão os homens.

A mulher é a terra. O homem, o cosmos.

O homem fecunda o ventre da mulher.

Nove meses depois nascem as flores do mais sagrado fruto

da natureza.

O povo estará unido em torno do grande pajé,

espelho de Deus.

E os signos conjugados criarão o horóscopo

sem destino.

Querer é poder

e assim guiarei as dozes tribos

em direção ao inferno

E das cinzas do Inferno renascerá o Paraíso.

Do livro Glauber, Esse Vulcão, João Carlos Teixera Gomes, p.519, 1997

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