sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Entrevista de Gerald/comentários de Leo Lama

arta-feira, Outubro 14, 2009
Entrevista de Gerald Thomas ao Jornal “O Globo”, com comentários de Leo Lama

RIO - Gerald Thomas vai deixar o teatro. No mês passado, o diretor que fez da controvérsia seu gênero teatral divulgou pela internet um artigo no qual afirmava que daria adeus ao teatro. "Continuar o quê?", disse ele no artigo; "Se formos analisar o último filme ou CD de fulano de tal, ou a última coreografia de não sei quem, veremos que tudo é uma mera repetição medíocre e menor (...)". Ao GLOBO, por e-mail, o diretor confirma a saída, mas não se será definitiva.

Você vai parar de dirigir? É sua aposentadoria?

GERALD THOMAS: Eu não chamaria de aposentadoria. Aposentadoria implica receber pensão, não? Não é o meu caso. O meu é um pouco mais profundo. Acredite.

LEO LAMA: Eu acredito.

Se é um ''breve'' adeus, como você diz no artigo, você para por um tempo e depois volta?

GERALD: Não tenho nada decretado. Digo no meu artigo que preciso de tempo pra me achar e que não há originalidade alguma na minha geração. Digo que os tempos de hoje estão extremamente chatos, e as verdadeiras estrelas são aquelas fora do teatro: não faz mesmo sentido entreter um pequeno número de pessoas presas em cadeiras, vendo "miragens" no palco. Essa mentirinha está mal contada. E eu parei de contá-la. Mas não estou reclamando: me deram "the time of my life". Tive os melhores teatros do mundo e agradeço a Deus por isso.

LEO LAMA: Que geração é essa, a do Gerald, que se perdeu procurando originalidade? Não há como negar que esses tempos estão chatos, mas e os tempos que não existem nessa chatice como será que estão? Que tempos são esses? Que relógios marcam tais tempos? Quais tempos existem de verdade e na Verdade? Tudo é realtivo, mas o Absoluto não se relativiza com o relativo, ou seja, pra que falar do relativo como se fosse absoluto? Pra que falar do sem sentido se não há sentido algum? (REPOUSO) Então o que Gerald fazia era entreter um pequeno número de pessoas presas em cadeiras que viam “miragens” no palco? E agora, o que se propõe? Que se conte melhor a mentirinha? Ou que se a abandone sem piedade, ainda que as verdadinhas possam não ser essas? (REPOUSO) Teria sido Deus que lhe concedeu os teatros? Se foi, o que Gerald Thomas deu em troca? Uma arte que caiu no ridículo da desistência, na falência, no esgotamento? Que retribuição é essa? É só uma pergunta. Eu não faço críticas, eu apenas formulo questões: ora, O Todo Poderoso já não tinha avisado através de um de seus profetas que já não havia nada de novo debaixo do sol? Ah, essas mentes iluminadas por refletores! O que quer dizer “não há nada de novo sob o sol (ou outras traduções possíveis do Qohélet, como a de Haroldo de Campos: névoas de nadas, disse O-que- sabe, tudo névoa nada. Tudo tédio palavras... e não há nada novo sob sol...)? Se isso é uma coisa que foi proferida e avisada de forma atemporal e simbólica, quando um dia se descobre que não há nada de novo no “teatro”, ou nada de novo a se fazer, ainda que não se tenha feito nada de novo nos anos em que se achava que se fazia novidades, está se falando da mesma falta de novidade a que se refere o Livro Sagrado ou fala-se do que o Livro disse que aconteceria com quem não se deixasse ler pelo Livro? Então pergunto: do que fala Gerald e do que fala o Eclesiastes? Tudo o que possamos fazer já foi feito, “Não há nada de novo sob o Sol”. Tudo é vaidade, diz o Livro. E Gerald parou de contar a mentirinha, ainda que a Verdade já tivesse sido contada há muito, e não por ele, é claro. O que não o desmerece, ainda que se pergunte: o que ele fez para merecer tanto espaço de Deus? O que ele fez com seu tempo de vida? Quando foi que se trocaram os Princípios pela originalidade, a Atualização do Espírito pela novidade? Vai saber. Vai saber.

Vai participar de projetos teatrais fora da direção?

GERALD: Eu parei. Procure me entender. Parei. O Gerald Thomas parou.

LEO LAMA: Parou com o que? O que era “isso” que o Gerald Thomas fazia? Teatro ou aquilo que ele chamava de teatro? O que quer dizer “parei de fazer teatro!”? O que é teatro? O de um é o de todos? Digamos que tal teatro fosse arte. Parou de fazer arte? Mas quando ele começou a fazer arte, se seu teatro for arte e se tal arte é arte? O que é arte? Não estou criticando “sua” arte ou "seu" teatro, estou apenas questionando se o que um “artista” faz é a arte de todos ou é a representação de todas as artes ou de toda a arte. E ainda pergunto se o que enxergamos não é aquilo que conseguimos ver e também se o que vemos não é exatamente aquilo que estamos vendo e nada mais ou a mais. O que ocorre e não estamos vendo? Ah! O que não se vê? O que é o invisível? Quem são os que já viram tudo? Os que sempre vêem as mesmas coisas ou os que possuem o dom de ver na e a totalidade? Gerald Thomas vê por todos ou só por si mesmo? Se é por si que se vê, que diferença faz para nós, se vai parar ou continuar, dizer isso ou aquilo, encenar tal ou tal peça? No entanto “sua” reflexão é importante, ou melhor dizendo, interessante, pois nos faz pensar sobre o que é a crise de um e a crise de todos. A quem damos voz? Há quem nos represente? Um artista representa o que? Uma sociedade? Uma crise geral pode ser medida por uma crise pessoal de um artista que recebeu espaço da mídia durante anos? E os artistas que não foram vistos, não são relevantes, ainda vão ser, ou são relevantes e por isso mesmo não foram vistos por aqueles que achavam que quem tinha que ser visto era Gerald Thomas? Justo este, aquele que não vê mais nada ou viu que nunca viu. Haja vista. (REPOUSO)Sim, podemos dizer que Gerald é o retrato da modernidade, mas quem quer guardar a fotografia desse tempo inócuo? Ele mesmo já não quer. Chafurdar desde o começo no sem sentido para um dia cansar do sem sentido é algum tipo de abandono ou é cair na obviedade abandonável daquilo em que se meteu?

Vai deixar de assistir a peças também?

GERALD: Não quero nem ouvir falar de teatro ou em teatro.

LEO LAMA: Mas e se o teatro for justamente ouvir? Mas e se for ouvir o que não se faz mais? Sem querer dizer o que é e o que não, escuto. A repórter pergunta sobre assistir e Gerald responde que não vai mais ouvir. Onde está o erro, na pergunta ou na resposta? Veremos o teatro sem escuta?

O que você fará a partir de agora? Vai estudar? O quê? Vai viajar? Para onde?

GERALD: Vou trabalhar alguma prosa, pensar na vida. Pensar na vida. Repensar no que aconteceu e onde tudo se perdeu. Porque... te digo com toda a sinceridade: a mediocridade reina, seja na música, seja nas artes plásticas ou no cinema. Então... estamos atravessando um período onde é melhor se calar e... quieto no meu canto, vou pisar em outras calçadas que não NY e Londres, e essas que piso sempre.

LEO LAMA: Precisamos pensar na diferença entre o mundo e a vida. A vida não é o mundo. A vida é verbo, pensar no mundo como se fosse a vida é engano, não vale a pena. A pena valida a vida. Pensar valida o mundo. (REPOUSO) A mediocridade reina no reino da mediocridade, quanto a isto não resta menor dúvida. Há outros reinos? A que rei se quer servir? Sim, é melhor se calar, mas há o que pode ser mais bem dito. Eu nunca quis conhecer Nova Iorque. E o sonho da minha filha é morar em Londres. Isso interessa?

Você fala que não tem vontade de criar um "iTheatro''. As experiências culturais ao vivo, como o teatro, estão em declínio? Quando se vai a um show de música, as pessoas não assistem mais a ele sem fotografar ou filmar. Se pudessem fazer o mesmo com as peças, ajudaria o teatro?

GERALD: Uma de minhas últimas peças foi "Kepler the dog: um cão que insultava mulheres", levada ao ar pelo "Ig". Então, isso, eu já fiz. Foi visto numa noite por mais gente do que uma peça é vista numa temporada inteira. Não culpo o público nunca. Culpo a nós mesmos por não termos tido a coragem de ter ido mais longe: ficamos nessa merda de desconstrutivismo por tempo demais. E deu no que deu. Caiu tudo. A minha geração não tem cultura, falta cultura a essa falta de cultura!

LEO LAMA: Uma pessoa faz merda e por causa disso ninguém mais deve fazer? Será que não existe uma singularidade na merda de cada um? Uma merda vista, todas foram vistas (ou cheiradas)? Sim, "Kepler the dog: um cão que insultava mulheres" a peça do Ig, (ou seria Id?) poderia ser considerada uma merda, ou não, mas por causa dessa merda tudo vira merda? Por que uma quantidade enorme de gente viu a qualidade não pode mais ser vista? Quem ficou nessa merda de desconstrutivismo afinal? Bem, quem realmente ficou muito tempo na merda foi o Derrida. Caiu tudo? Levanta sacode a poeira, da volta por cima, já diria mestre Vanzolini. A verdade é que há muitas gerações sem cultura sobre a falta de cultura, isso não é privilégio do Gerald ou da geração dele, mas eu pergunto: o que foi cultivado?

Como entrar em contato com os que se nivelam pela "culturazinha de merda'', como você diz no seu artigo? A sua geração artística não teria conseguido lidar com isso?

GERALD: Não competíamos com a internet ou a TV a cabo e o Twitter e o celular que manda text message, e isso e aquilo. Isso tudo afasta qualquer pessoa da arte. Seja a arte que for. Havia um tempo para ser dedicado à arte. Havia uma imprensa que nos apoiava aqui em NY. Hoje a imprensa que resta (o "Village Voice") virou um bando de anúncio de travestis.

LEO LAMA: É essa tecnologia toda que afasta as pessoas da arte ou é a arte que é feita que afasta as pessoas da arte? Eis o paradoxo de Tostines. A arte precisa das pessoas ou as pessoas precisam da arte? O que é arte? Eis de novo a impertinente questão.

Acha que esse nivelamento por baixo, esse esvaziamento da arte, poderia se ligar a um também esvaziamento da política? Assim como as pessoas não teriam mais paixões políticas, estariam mais cínicas também para uma discussão da cultura?

GERALD: Como assim "não têm paixões políticas"? Coloquei toda a minha energia na campanha do presidente Obama ano passado. E acho ótimo ter feito isso!!!!! Aqui, nos EUA, não há cinismo algum em relação à política, e sim, um tremendo renascimento político. Não cultural. Mas político, sim.

LEO LAMA: Sim, tais paixões e outras patologias não faltam.

Sua decisão de abandonar o teatro parece vir de um processo longo de reflexão. Mas houve algum acontecimento que tenha servido de gota d'água, de catalisador para essa sua decisão? O que foi?

GERALD: Foi há um mês, quando estive em Amsterdã pela 30 vez e vi um dos auto retratos de Rembrandt. Aquele que ele pintou aos 55 anos. Eu estou com 55 anos. Nos comunicamos através de um estranho olhar. Ele num tempo, e eu, num outro, divididos por 400 anos. Fiquei de tal forma emocionado com aquele quadro (que conheço a minha vida inteira) que dessa vez algo em mim simplesmente se quebrou.

LEO LAMA: O que disse o olhar de Rembrandt além de sua idade (seu tempo)? O que nem em 400 anos poderá se colar? (REPOUSO) Onde estão as estrelas?
Postado por Leo Lama às 2:17 AM
10 comentários:

Andréah disse...

(se Gerald Tomas não tivesse publicado este artigo... eu aplaudia de pé, pela primeira vez, diga-se, essa atitude não-artistica que por isso mesmo, tempos de hoje, é que vai sendo Artisticamente justa... É que por razões diversas, em muitos pontos, eu coaduno, mesmo concordando com o que você Leo, comenta... é que há além dos pontos divergentes, um mal estar unico... só que por ironia da trama desta-vida-conjunta, ontem mesmo, acabava de tomar contato com este trechinho que o fio da minha meada descostura lentamente...
Vê: ...“se a razão motivadora para que eu devolva a John o livro [emprestado] no tempo combinado não é minha consideração por ele, mas minha decisão de viver de acordo com o princípio geral de que promessas devem ser cumpridas, meu ato não é moral, mas moralista”.) Uma ação moral não “serve” a “propósito” algum e certamente não é guiada pela expectativa de lucro, conforto, notoriedade, reforço do ego, aplauso público ou qualquer outro tipo de autopromoção. Embora seja verdade que feitos “objetivamente bons”, isto é, proveitosos e úteis, têm sido realizados continuamente a partir do cálculo de ganhos do ator – seja obter a divina graça, comprar a estima do público ou mostrar arrependimento para ganhar a absolvição dos pecados e o perdão divino por atos insensíveis ou sem piedade em outras ocasiões –, eles não poderiam ser classificados como genuinamente morais porque foram motivados dessa forma..." (mais pra frente, o autor completa:) "Essa é uma razão crucial pela qual a demanda ética, aquela pressão “objetiva” a ser moral que emana do próprio fato de estar vivo e compartilhar o planeta com outros seres vivos, é e deve permanecer silenciosa."
... ...
... de tudo o mais que aqui eu vi e ouvi, quem gritou silenciosamente de maneira contundente foi a propria Arte, pra minha plena alegria... espelhando o que no espelho mesmo, Gerald nunca poderia ver aparente... Tomara a gente faça um coro silencioso de ações pro Teatro poder ser ouvido, sempre...
Dorim.
12:34 AM
Edu disse...

Esse Gerald Thomas é o tipo do bitoladinho de cidade grande. "Não tem mais música, não tem mais filme... buááá... buááá..."
Qualquer curva de rio tem mais novidade que toda a nossa perversão cultural.
Quem procura novidade é porque envelheceu em definitivo.
Você nem deveria tocar nesse assunto, Lama, falar de um tonto mimado desses. Nem eu. O mundo dele se resume a NY e Londres, coitado. Aí é que não dá pra ter novidade nenhuma, mesmo, nunca.
1:35 PM
E. Fields disse...

Vou aproveitar este espaço pra dizer o que penso de Geraldo Thomas:
1:42 PM
Líbio Santeleno disse...

Cena 1: Geraldinho está à toa em Amsterdão, fumando e gastando uns cobres que mamãe deixou na lata da cozinha. Vai até o museu e vê um auto-retrato de Rembrandt. Resolve se emocionar. É tão inteligente e culto se emocionar com Rembrandt ! Ele pensa: vou dizer pra todo o mundo que parei. (Ao fundo, ouve-se aquela velha canção, na linda voz de Ney Matogrosso, que diz a mesma coisa: '...eu parei...')
Cena 2: Geraldinho está impaciente, de banho tomado, fuma e anda pra lá e pra cá em seu lindo apartamento no Rio de Janeiro. Ele pensa: eu parei, eu parei, preciso dizer que parei. Vou ligar pra Sandrinha e dizer pra ela que parei. (Sandrinha sendo uma amiga jornalista d'O Globo.)
Cena 3: Sandrinha encontra o impaciente Geraldo, de 55 anos, numa lanchonete do Leblon.
- Eu parei, Sandrinha, você não está entendendo, eu parei !
- Se parou, tá parado, pra quê tocar no assunto ? Não há nada pra entender.
Ele a encara por um caco de segundo, então sente que alguma coisa se quebrou dentro dele:
- Eu não consigo.
E desata a chorar feito uma criança.
Cena 4: Geraldo acorda subitamente, naquela mesma noite, em sua cama, em seu lindo apartamento do Rio de Janeiro. Tem um único pensamento:
Olimpíada 2016 ! Da Grécia para o Rio de janeiro ! Como o teatro !
2:05 PM
Anônimo disse...

Não com cordo com a Andreah, aplaudir de pé atitude de covardia é covardia também. A vida é difícil e sempre será, a secura e a aridez está aí e vai piorar, os artistas devem ser artistas em suas expressões até o fim de suas vidas. ë obrigação de um artistas se renovar, mas antes de tudo, ser artista ë ter o que dizer, ë ter o que acrescentar, ou então, vá dirigir as olimpíadas, como sugeriu o amigo aí em cima.

Rogério
3:19 PM
Duda disse...

Gostei da reflexão do Leo, e acho que dialogar com as pessoas que querem expor suas decisões como se fossem importantes, é importante, pois esvaziar os discursos vazios é um dever do artista.Assim como enche-los. Acho que o que disse o Fields:() é no fundo o que tem-se a dizer mesmo, mas é importante mostrar que os discursos da mídia, na maioria das vezes não passam de umm amontoado de abobrinhas egóicas. Vi uma entrevista do Gerald da Maria Gabriela há uns anos atrás, o cara só fazia fazer apologia ao Rivotril. O pior é que esses discursos, não falo nem da pessoa, são como o Jason, nunca morrem. Devo concordar com o Leo quando ele diz que os jornalistas, ou o jornalismo sõa idiotas, porque parece que todas as notícias são a mesma, ou seja, é tudo notícia do mesmo vazio.

Blargh!
3:29 PM
Adriana disse...

Acho Rembrandt pintor de uma arte menor. Pode ser só opinião minha, mas vejo certas conexões entre as escolhas que fazemos e as coisas que nos emocionam. Acho essa coisa de auto-retrato uma merda. Pra que ficar se auto-retratando?
3:33 PM
Anônimo disse...

A gente se destrata demais, auto-retrato é coisa boa.
4:56 PM
Andréah disse...

(o olhar deste quadro é flecha: contundência da ironia resignada, por 400 anos! Fiquei botando reparo um tempão na força dessa expressão...)
Não aplaudi, Rogério, aplaudiria se. Não a covardia, mas a "negação" do que está posto, o não-acomodamento, a necessidade de por as barbas de molho, a fragilidade, a humildade para a reavaliação de si... e principalmente, aplaudiria a tirada da máscara de tantos anos, aquela que mais o assegurava... Não estaria assim se renovando? Aplaudiria a coragem: isso sim ... se tudo isso fosse um impulso pelo Bem do Outro... não um discurso público...
Aplaudiria não com palmas, nem com louros... Não haveria "espetáculo", entende? Atentaria: a expressão do artista nascendo perante o Outro... ! Era caso pra olhar de sorriso aliviado... Quase um brinde com o olho no olho do olho...
...
... Pra que o Rembrandt foi fazer auto retrato? (vixe Maria!) Pra acordar o Gerald Thomas! rsrs... Num tá de bom tamanho? (to brincando...)
...
2:56 AM
Priscilla disse...

Eu, artista em crise, elocubro com outros artistas acerca da falta de sentido, da busca pelo sentido, do que é sentido. Justo. Mas é como se eu, médico em crise, pensasse a medicina sem diálogo com o paciente. Que sentido há em um público que não se vê, que não tem "cultura", mas que já não sei quem é? Pra quem desejo falar? O que sua ausência quer nos dizer? Como obter respostas sem olhar para fora de mim e dos meus colegas? Objetiva e profundamente? Perdoe-me, Geraldo, mas se estamos sozinhos, encerrados em nós mesmos, continuaremos sem arte. Nós e eles.
1:18 PM

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