terça-feira, 3 de março de 2009

Tarso Genro, Trostsky, Breton

Numa revista chamada Oitenta, leio (folheio) um artigo do Tarso Genro sobre Classe Média e seu Papel na Luta Social que parece escrito para o Vamp do blog do GT. Delicio-vos com um trecho:

"Não é lícito afirmar que de repente apareceram homens progressistas nesses estratos profissionais e que suas posições, como dirigentes classistas, são mera retórica oportunista. Sempre houve, por postura ideológica, bolsões progressistas nessas camadas sociais, mas eles nem sempre tiveram eficácia, porque não basta aquilo que alguns chamam de provocação dos fatores subjetivos, para que uma categoria profissional se mobilize" (Genro, 1979, p. 136).

A grande crítica do Vamp é a política do governo Lula para a classe média. Com certeza, eles atingiram alguns dos "fatores subjetivos" do Vamp que o fazem se manifestar, em geral, radicalmente.

Na época das eleições, vi o banho que o PT levou em Curitiba. E, num debate, perguntaram ao cientista político Bruno Wanderley Reis: "Por que o PT não emplaca em Curitiba?" "Ah, eu vou lá saber?", disse ele.

Eu arrisco uma explicação para o drama da classe média e de Curitiba: O PT nasceu com apoio da aristocracia do proletariado e da classe média radicalizada. No Brasil, é o Sudeste que, em parte, apresenta essa configuração. Mas o que o Sudeste faz, o Brasil vai atrás.

Já o governo Lula governa para os muito ricos (mantêm os juros, o superávit, estabilização, foro privilegiado para FHC, não revê as privatizações) e para os miseráveis (bolsas-esmola, neoliberalismo com cesta básica para o povão). O Prouni, por exemplo, do que o governo faz tanta propaganda, é a compra de vagas pelo governo em universidades privadas em sua maioria ruins. E o aluno tem de pagar parte da mensalidade (daí, talvez, a moça nordestina correr para pegar o ônibus: o aluno tem de trabalhar e fazer Medicina, o que é realmente um desafio às leis da Física). E deixa a classe média reclamar, pois não são tantos votos. Uma parte sempre esteve radicalizada e com ele.

Já a política externa, odiada pelo pessoal do blog do GT, penso que é uma vitrine, um engodo. Quando FHC e a direita batem, obrigam a esquerda a ir para o lado do governo e calar-se diante de seus absurdos. Num discurso, vejo Lula dizer: "a imprensa precisa falar de onde tem asfalto, não só de onde tá esburacado..." Ah, Lula, se não mostrar os buracos vocês autoridades nunca consertam, né? É tanta mentira. Dizia ele que era um representante da consciência da classe trabalhadora brasileira. Mas se até a dobradinha da chapa com o empresário sugere uma aliança entre o trabalho e o capital...

Isso me lembra uma musiquinha do filme Tudo Bem do Jabor, o melhor dele para mim, cujo roteiro eu tenho:

Nós somos funcionários da Declair,
Lutamos pelo mesmo ideal
A aliança entre o trabalho e o capital...


Amorim e os outros não radicalizam como o Chávez nem o seguem em tudo. Ele propôs um gasoduto, eles negaram, por exemplo. Outro dia vi um debate na Rede Vida: precisamos tomar as rédeas, a Venezuela quer entrar no Mercosul para divulgar as idéias enlouquecidas de Chávez, e por aí vai. A Rede Vida está nas mãos de só uma vertente da Igreja Católica, parece, a carismática direita...Sai a crítica a Chávez e depois vem a reza do Terço Bizantino do Padre Marcelo, que repete, repete, repete.

O tipo de opositor que eles precisam é o seguinte, façamos seu retrato falado: estrangeiro como Larry Rohter (e falando mal do Brasil, onde não vive); elitista (não gosta do Zé Pagodinho, prefere ópera); não gosta da política externa brasileira, diz que os boxeadores cubanos foram obrigados a ir embora, fala bem do Paulo Francis, ataca o Brasil...Chego a pensar que alguém está delegando um papel ou manipulando, não pode ser verdade. Esse "papel" parece muito pronto, mito entregue nas mãos.

Ah, Trostsky e Breton mandaram um recado para o pessoal que cobra contrapartida social: "Se é verdade que, para o desenvolvimento das forças produtivas materiais, a revolução é obrigada a exigir um regime socialista centralizado, para a criação intelectual ela deve estabelecer e assegurar, desde o princípio, um regime anarquista de liberdade individual". E o slogan final, irretocável:

"Uma arte independente -- para a revolução.
A revolução -- para liberdade definitiva da arte".

México, 25 de julho de 1938. Da Revista Oitenta.

Leio lá na Desciclopédia uma curiosa definição para o Bob Esponja:

"Fruto de uma experiência do cintista Gerald Thomas, que uniu uma bucha, um burro e um veado. Depois de ter sua invenção pronta, Gerald acabou jogando a porcaria do Bob Esponja fora, pois achou que ficou uma merda. Claro que ele tinha razão. Aí, uma vez o Aquaman estava nadando e viu o Bob esponja. Acabou levando para o salão oval da Justiça e todo mundo simpatizou com ele."

Como diz Caetas: tudo certo como dois e dois são cinco...

Um comentário:

Henrique Hemidio disse...

Fico feliz Lúcio, Torquato Neto pra mim é referência...
Abraço!