sexta-feira, 20 de março de 2009

O Mago, Goldman, Lúcio, Honneth e Pondé

Eu andei lendo O Mago, do Fernando Morais sobre o Paulo Coelho, numa aprazível biblioteca do ICBEU, num dia quente de março em BH; a biblioteca é um oásis de ar condicionado numa BH quente como um forno.

Antes o mundo estivesse entrando em outra era glacial!

O Mago é uma narrativa bem mais interessante que os romances medíocres do Paulo. Tentei ler o Zahir, mas pfui. Quando entraram os rituais, larguei. Não dou conta de misticismo barato. Prefiro ler Kafávis, Borges, Santa Terezinha de Ávila, São João da Cruz. Ele melhorou desde a escrita inodora e insípida de O Alquimista, ficção jornalística, mas não o suficiente.

O Mago conta que ele teve três transas homossexuais com colegas do teatro numa época onde fazia um gay na peça Capitães de Areia (será que foi um aprofundamento stanislaviskiano radical ou um workshop de Grotowski?) Ele concluiu que não era gay, mas assumiu ter penetrado e sido penetrado. Tiro o chapéu (e as pombas do chapéu) para a coragem sua coragem mágica.

Como ele contou na entrevista com Gerald Thomas, conheceu Julian Beck, mas Beck lhe deu um gelo e não se dirigiu a ele a maior parte do tempo. Ele anotou em seu diário que entendia, pois o Living Theatre "custou a chegar onde chegou" ou algo assim.

O livro é interessante, muitas outras passagens me interessaram. É um romance da contracultura, romance que nunca houve, romance biográfico.


Saiu um artigo meu na revista Discutindo Filosofia, Conhecimento Prático de novembro. Tem chamada na capa e tudo o nome é Honneth: uma teoria da identidade. A revista é número 15 e teve até chamada na capa: era um artigo sobre Honneth, autor que iria cair no vestibular da UFMG no final do ano. Eles me colocaram num 69 com o Luiz Pondé: ele atacando o politicamente correto e eu explicando Honneth, teórico que se ajusta perfeitamente ao que se chama politicamente correto. Quem é contra o politically correct julga que ele só muda a linguagem para tratar dos sujeitos, é um moralismo do eufemismo -- e isso seria perfumaria, jogo de linguagem de salão para idiotas que não leem Veja.

Para Honneth, a linguagem é tudo, o sujeito é pura construção de linguagem, por isso mudar a linguagem é tão importante. Dissolvendo a linguagem que ele usa para definir a si mesmo, impondo uma visão de fora, alguém sofre imensamente e se sente rebaixado socialmente. Para ele, saber da linguagem negativa dos outros sobre si mesmo pode fazer desmoronar o eu de alguém.

Outro dia vi um advogado afro-descendente dizendo que esse termo é que ele mais gosta, o mais técnico. E disse que "neguinho", "negão" são aceitos, mas depende muito do contexto. Já "afro-descendente" não. Achei muito boa essa explicação: como as palavras designando a cor podem levar a mal-entendidos, melhor usar o termo que trata da origem, com o qual não se corre o risco de melindrar o sujeito.

O caso Goldman, do menino dividido entre USA e Brasil, alonga-se em grande repercussão midiática. Eu fui o primeiro a falar sobre o caso no blog do GT, depois foi uma mulher. Enfim, o próprio Gerald Thomas vestiu a camisa do Goldman, fazendo dois posts a respeito, depois do caso ter explodido e dele ter visto falar sobre a história no Larry King Live (curiosamente, foi a partir do site do Larry King que eu me lembro ter postado no blog dele. O Goldman deve estar indo lá sempre). A revista Piauí fez uma matéria com a visão do Goldman e a Época com a visão do João Paulo Lins e Silva.

Eu só faço algumas pontuações: parece-me mesmo que Goldman apostou num tudo ou nada jurídico transnacional: ou fica com o menino -- que então dificilmente voltará ao Brasil -- ou fica restrito a poucos contatos. Ambos as versões possuem pontos obscuros: as visitas de Goldman no caso da família Lins e Silva e os cheques de Bruna no caso de David. A família Lins e Silva aparentemente está com raiva e quer apagar David. David disse que não sabe quem deu os cheques falsificando a assinatura de Bruna, mas disse em tom de justificativa no Fantástico: "ah, eram as contas dela..."

Chamem o rei Salomão! O Contardo Calligaris também serve. Ele teorizou, no caso Elián, que ficar nos USA era o desejo da mãe e fatalmente Elián voltaria para esse desejo. Seguindo esse raciocínio, o desejo da mãe é o desejo de Lins e Silva e fatalmente Sean, mesmo indo para os USA, retornará quando puder ao Brasil. Será que essa teorização psicanalítica se aplica? O pessoal psi me dê uma ajuda.

2 comentários:

Henrique Hemidio disse...

Olá!
Esse Paulo Coelho é maluco
já Julian Beck
esse eu não conheço

Henrique Hemidio disse...

não sei se tem orkut, Lúcio
mas se tiver
olha só que belo bafafá a respeito do meu post
http://www.orkut.com.br/Main#CommMsgs.aspx?cmm=95221&tid=5315682955582046954&start=1