quarta-feira, 4 de março de 2009

Ditabranda, Impertinácia, Bosco furando o Olho da História do Olho

Enquanto a ditabranda dá polêmica, escrevi para ajudar o grande poeta Roberto Joaldo de Oliveira com a revista Impertinácia. Enviei um artigo com fragmentos inéditos do Oswald para ele. Espero que não demore e saia.

Revisitei também o blog do jornalista e escritor poderoso Wir Caetano, de quem resenhei o belo Morte Porca. Logo mais posto o endereço: vale uma visita.

A Folha quis atacar o Chávez chamando a nossa ditadura de 1964-85 de "ditabranda" em editorial. Maria Victoria Benevides e Fábio Konder pediram retratação e foram tratados como trolls no espaço do leitor, chamados de cínicos que nunca ousaram romper com Cuba. Se estivessem num blog, tudo bem que tomassem. Mas escreveram para um jornal e foram tratados daquele jeito, com insultos?

Mas ditabranda é um termo que acho correto para tratar do Estado Novo getulista, onde comunistas como Portinari continuaram fazendo painéis em prédios públicos e outros como Gilberto Freyre recebiam eventualmente em trabalhos em jornal oficial (Correio da Manhã, me parece). Foi um período de exceção "brando", mas somente em comparação com o "Estado Novo da UDN" entre 1964-85.

Eu resolvi assinar o abaixo-assinado contra a Folha de S. Paulo, jornal que gosto, pelo seguinte: existem sindicatos, jornais e tevês críticas ao governo na Venezuela. Chávez não fechou a tal "Rádio Caracas Televisión", que Walter Navarro do Tempo chamou de "SBT da Venezuela". Chávez cassou sua concessão devido ao fato de que ela participou ativamente no golpe contra ele em 2002, coisa que TV nenhuma pode fazer, tendo em vista de que é concessão pública. Mas ela ainda funciona pela internet e a cabo. A estratégia da oposição, ao se negar a participar de eleições, é que tem sido a de caracterizar Chávez como ditador.


O que não suporto nessa história do Chávez é o seguinte: hegemonia de direita é democracia liberal ou democracia à brasileira (eufemismo usado no tempo da ditadura de 64). Hegemonia de esquerda, na mídia, só pode ser ditadura (o que não é o caso da Venezuela, que foi o único país da América Latina não teve ditaduras entre 1960 e 70, tinha uma democracia oligárquica, mas que não foi derrubada). Existem jornais venezuelanos de oposição na web, como o Tal Cual, que já visitei e achei menos editorializado que a Veja.

Marcelo Coelho, que eu admiro, reconheceu que o editorial foi um erro, mas ainda assim criticou a esquerda. Tudo bem. Só fiz um reparo à crítica dele: ele colocou Ruy Castro como colunista de esquerda na Folha, enquanto na direita estaria o Pondé, o Coutinho, etc. Posso fazer outro: quem criticou o editorial, segundo Marcelo Coelho, quer defender o MST, Fidel e Chávez. Hã?

Li também uma entrevista do Francisco Bosco a partir do blog do Caetano Vilela, autor de Banalogias, sobre A História do Olho e outros livros. Ele valorizou Campos de Carvalho (viva!) e comentou a releitura como fenômeno diacrônico, ou seja, fragmentado e fora do tempo. O leitor que relê um livro estaria retomando não uma história somente, mas também sua história subjetiva entre uma leitura e outra. Diacronismo é o cânone dos concretos: Arnaut Daniel, Li Tai Po, Sousândrade, Qorpo Santo, Mallarmé, etc. Sincrônico é o do Antônio Candido: História da Formação da Literatura Brasileira.

Bosco furou a História do Olho, julgou ridícula a narrativa do seminarista, supondo Bataille um bom ensaísta, mas mau romancista...

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