quinta-feira, 14 de agosto de 2008

De Coração a Coração e a Artilharia Pesada

Agora ficou mais fácil me especializar em Hemingway. Os textos traduzidos do John estão em www.diretodaredacao.com


DE CORAÇÃO A CORAÇÃO E ARTILHARIA PESADA



Vc não gosta disso? Vc não gosta da suprema ironia de tudo? Exatamente na abertura dos Jogos Olimpicos em Beijing, o pro-ocidente governo da Georgia decide iniciar uma ofensiva contra sua quase inteiramente independente província de Ossétia do Sul. Declarando que suas tropas estavam bombardeando a capital da Ossétia para “restaurar a ordem constitucional”, o exército georgiano matou mais de 1500 pessoas e basicamente demoliram Tskhinvali. Entre os que morreram, enquanto o mundo assistia um soprano inglês em Beijing cantar “você e eu, de um só mundo, coração a coração, nós somos uma família”, estavam dez soldados russos estacionados num posto de “observação da paz” na província.

Moscou não gostou e colunas de tanques e artilharia pesada logo começaram a avançar através da fronteira em defesa da população de maioria russa. A Georgia declarou guerra à Rússia e implorou a intervenção dos EUA e da União Européia de algum jeito. O presidente georgiano declarou que seu país estava “olhando com esperança” para os Estados Unidos. A confrontação armada com a Rússia, ele declarou, “não é mais sobre a Georgia, é sobre a América, seus valores …a América defende e apoia as nações que amam a liberdade. Isto é o que a América faz”.

Eventualmente, assim que a Rússia derrotou o exercito georgiano, treinado por americanos e israelenses, ela concordou com um cessar-fogo proposto pela União Européia. A Georgia não tinha escolha a não ser concordar com os termos humilhantes de Putin e nesse ponto eles podem esquecer qualquer idéia de retomar o controle sobre as duas províncias que estão se separando. Era, e ainda é improvável, que alguém venha ajudá-la. Além da incrível (e hipócrita) ameaça de Bush aos russos de que “invasões de nações soberanas” não seriam toleradas no Século 21 (ele convenientemente esqueceu de falar sobre o Iraque e Afeganistão) , os georgianos podem esperar pouco de seus aliados da OTAN.

Na nova guerra fria da América contra a Russia, a Georgia e seu exército são apenas peões no Grande Jogo. Desde o fim da União Soviética, nos anos 90, as administrações dos EUA têm cultivado tensões regionais no Cáucaso, além do esforço para ganhar o controle sobre os recursos estratégicos de petróleo na região. Promover a admissão da Georgia como membro pleno da OTAN era parte do plano.

Encorajar e depois reconhecer a declaração unilateral de independência de Kosovo da Sérvia foi um recado direto ao mundo e especialmente à Rússia. “Nós ainda controlamos o mundo”, os Neocons parecem estar falando a Putin, “e nós podemos cercar você com estados que são nossos clientes, como a Georgia, ou criar “protetorados independentes” em Kosovo e Afeganistão e vocês não podem fazer droga nenhuma”.

O risco, claro, é que os russos eventualmente podem reagir e se o fizessem a intensidade do seu contra-ataque colocaria em xeque os Neocons e suas fracassadas estratégias. Bush, o rico, o idiota alcólatra, tentou começar uma briga com Putin e Putin bateu na cabeça dele com um taco de beisebol. Todo mundo tem seus limites e assim como é fácil provocar uma guerra, quando a matança começa, você nunca sabe onde ela vai acabar.

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