quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Ao Pai

AO PAI

Ter com o pai a necessária conversa

de alegações e cobranças. Agradecer

o instante da criação. Desobedecer

a ordem de calar o desacerto e se fazer

surdo ao grito. Primeiro relacionar os fatos

derradeiros: a morte como seqüência

do abandono. O abandonar a esperança

de melhores dias. Ouvir razões impróprias

e a certeza da saída. Honrosa maneira

de se fazer presente. Como se ao ausente

fossem ofertados nichos obscurecidos

de janelas abertas. Cobrar a ausência

e dizer da tristeza. Em uníssono, falar

mal dos deuses permanentes. Dançar

sobre o tablado e ao se sentir distante

retornar ao âmago da relação: ter

sido uno ao tempo da bifurcação.

(Pedro Du Bois, inédito)

Nenhum comentário: