sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Antes e Agora





Há muito o que dizer sobre o início dos anos 1970's. Foi uma época de transição da Revolução Cultural para o período dos Pet Rocks, Saturday Night Fever e Mood Rings. Um tratado de paz entre os EUA e o Vietnã foi assinado em 1973, e em 1975 os marinheiros americanos eram retirados de Saigon pelos últimos helicópteros e levados para o USS Enterprise. Mas, para mim pelo menos, o que foi verdadeiramente inspirador naqueles anos foi o Congresso dos EUA ter coragem para enfrentar um criminoso, no escritório oval, quando foi necessário. Os congressistas, na verdade, levaram a sério a Constituição dos Estados Unidos e, quando ficou claro que Richard Nixon tinha violado a lei e traido seu juramento de defender a Constituição, eles sabiam que não tinham outra escolha senão a de defenestrar o homem.

Qualquer um que tenha idade suficiente, e eu tinha 13 anos na época, se lembra das audiências no Congresso sobre Watergate e da longa fila de funcionários da administração que testemunharam, muitos dos quais não foram enviados para a prisão por seus crimes. Estávamos todos fascinados pelo espetáculo de ver um governo ser responsabilizado pelos seus erros. Foi algo raramente visto em qualquer lugar do mundo e, apesar dos horrores da Guerra do Vietnã e dos assassinatos políticos dos anos 60, poderíamos dizer, pelo menos, como americanos, que ainda havia espaço para a esperança. Era evidente que os nossos valores democráticos fundamentais tinham sobrevivido e a prova estava lá, na tela de nossos televisores.

Trinta e cinco anos depois, as coisas se encaminham para o pior, para dizer o mínimo. Temos ainda audiências no Congresso. Os congressistas americanos têm que se ocupar de alguma coisa e, portanto, quando movidos pelo espírito eles "investigam" e fazem um show ao tentar definir o que está errado na nação. Na semana passada, o Comitê das Forças Armadas do Senado ouviu o depoimento de um militar sobre tortura de prisioneiros de guerra. Um dos mais duros comentários que surgiram a partir da audiência veio do Major-General aposentado Antonio Taguba. Taguba foi designado pelo Pentágono para investigar os escândalos de torturas em Abu Ghraib e Guantânamo, e ele está mais convencido do que nunca de que graves violações dos direitos humanos foram cometidas pelo governo dos Estados Unidos. Com base em um relatório elaborado pelo grupo Médicos para os Direitos Humanos, Taguba afirmou: "Depois de anos de descobertas pelas investigações do governo, pelos meios de comunicação social e relatórios de organizações dos direitos humanos, já não há qualquer dúvida quanto aos crimes de guerra cometidos pelo atual governo. A única pergunta que permanece sem resposta é se quem ordenou o uso da tortura, será responsabilizado por isso”.

Agora, trata-se de um homem que foi um militar de carreira e alguém que ainda estaria servindo ao Exército se não tivesse sido forçado a se aposentar, porque ele disse a verdade, em 2004. Sua afirmação é o mesmo exemplo de grandeza moral que orientou os congressistas em 1973, e se os politicos atuais da América fossem remotamente como os dos anos setenta, com certeza Bush e seus asseclas seriam expulsos da Casa Branca. Não só isso, cometer crimes de guerra é uma ofensa federal por causa de tratados internacionais contra a tortura assinados pelos EUA. Assim, além de ver Bush e Cheney expulsos de seus cargos, também teríamos o prazer de vê-los julgados por homicídio. Muitos homens morreram nas prisões clandestinas dos neoconservadores e, no passado, quando alguém cometia um assassinato nos Estados Unidos pagava seu crime com a própria vida. Mas não é mais assim. A América tornou-se uma nação que perdoa, pelo menos no que diz respeito aos poderosos.

Ninguém jamais mandará Bush ou Rumsfeld ou Cheney para a prisão. Eles são a lei, não estão somente acima dela. Eles representam o sistema na sua totalidade, Democratas incluídos.

THEN AND NOW

There’s a lot said for the early 1970’s. It was an age of transition from a period of Cultural Revolution to one of Pet Rocks, Saturday Night Fever and Mood Rings. A peace treaty between the USA and Vietnam was signed in 1973 and by 1975 American sailors were ditching the last helicopters to make it out of Saigon off the flight deck of the USS Enterprise. But for me, at least, what was truly inspiring about those years was a US Congress that still had the balls to stand up to a criminal in the oval office when needed. They actually took the constitution of the United States seriously and when it became clear that Richard Nixon had broken the law and betrayed his oath of office to defend that very same constitution they knew that they had no other choice but to impeach the man.

Anyone who was old enough, and I was 13 at the time, remembers the Watergate congressional hearings and the long line of administration officials who testified and who were often sent to jail for their crimes. We were all mesmerized at this spectacle of a government being held accountable for its sins. It was something that you, honestly, rarely saw, anywhere in the world and in spite of the horrors of the Vietnam War and the political assassinations of the 1960’s we could at least say as American that there was still room for hope. It was evident that our fundamental democratic values had survived and the proof was there on our television screens.

Thirty-five years later, things have taken a turn for the worse, to put it mildly. We still have congressional hearings. US congressmen have to do something with their time, so when the spirit moves them they “investigate” and make a show of trying to set the wrongs of the nation right. Last week a Senate Armed Services Committee probe heard testimony regarding US military torture of prisoners of war. One of the most damaging comments to emerge from the hearing came from retired Major General Antonio Taguba. Taguba was the officer the Pentagon put in charge of the investigation of the Abu Ghraib and Guantanamo torture scandals and he is even more convinced than ever that serious human rights violations were committed by the United States government. In a report, prepared by the group Physicians for Human Rights, Taguba stated “After years of disclosure by government investigations, media accounts and reports from human rights organizations, there is no longer any doubt as to whether the current administration has committed war crimes. The only question that remains to be answered is whether those who ordered the use of torture will be held to account."

Now, this is from a man who was a career military officer and someone who would still be serving if he hadn’t been forced to retire because he told the truth in 2004. His statement is an example of the same sort of moral clarity that guided the US Congress back in 1973, and were America’s present day politicians even remotely like those of the seventies you could be sure that Bush and his henchmen would have been impeached. Not only that, but committing war crimes is a Federal offense because of international treaties that the USA has signed against torture. So, in addition to seeing Bush and Cheney kicked out of office we would also have the pleasure of seeing them tried for murder. Many men have died in the vast Neocon galaxy of clandestine gulags and it used to be that if you killed someone in the United States you would pay for your crime with your life. But not any longer. America has become a forgiving nation, at least as far as the high and mighty are concerned.

No one will ever send Bush or Cheney or Rumsfeld to prison. They are the law. They’re not just above it. They represent the system in its entirety, Democrats included.

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