sexta-feira, 20 de junho de 2008

Mirisola: "O Capitão Nascimento Desmunhecou"

Vi ontem no Jornal da Globo e no Jô Soares o ator Wagner Moura, ex-capitão Nascimento, virar Hamlet com seu ser ou não ser.

A ligação foi mais para fazer um linque para o público (padrão classe média com que a Globo formata tudo, argh) do que uma ligação realmente existente entre esses dois antípodas: o melancólico Hamlet, distraído que não quer matar e a máquina de matar que tem alguma melancolia reprimida, algo de humano que cintila na mente de robô e máquina de matar e o obriga a tomar anti-depressivos.

Jô deitou e rolou com a biografia de Wagner Moura, mostrando-o desde a época de colunista social baiano, passando pelo momento em que ele foi "A Brisa" numa peça infantil até o Bond do Kubit-Kubit-Chek-Chek, um funk engraçadíssimo do tempo em que ele atuou como Kubitschek.

Ele no Jô, vendo beijos gays em filmes como Beijo no Asfalto e República dos Assassinos (esse ao som de Roberto Carlos, aquele com Tarcísio Meira & Ney Latorraca). Deve existir um fetiche nas roupas pretas, comentaram. Me chama de gaveta, me abre toda e me deixa desarrumada, brincou Jô, colocando-se no lugar das fãs do Wagner/Capitão.

Wagner, vendo beijos gays, falando sobre Lázaro Ramos em Madame Satã, gesticulou muitíssimo. Suas mãos pareciam aquelas mãos da Família Adams, independentes do dono.
Fizeram um tipo de performance que faz o gosto de um sacana cruel como Mirisola: o Capitão Nascimento desmunhecou, diria ele, com seu olhar homofóbico -- e não seria verdade. O olhar de pessoas como Mirisola, Márcia Denser e Júlio Daio Borges é mais influenciado pela árvore do que pela floresta, pelo dejeuner sur l´herbe do que pela paisagem.

Daí essa da Márcia Denser de apoiar a implicância de Júlio Jorge Luís Borges contra os blogueiros, que ajudariam a inflacionar o mundo literário (ameaçando o emprego de Márcia Denser?) Afinal, se Márcia Denser era dark, agora ela vai ter que se reinventar como musa dos emo. Será que o Mirisola vai deixar? Mirisola é pop? É emo?


O programa de ontem teve também o excelente filósofo Mário Sérgio Portella (ou é Cortella?) , lançando uma obra. No percurso filosófico dele (que falou rapidinho, senão o Jô interrompia) eu senti familiaridade, nesses anos todos já percorri esses labirintos. Voltou a velha questão Nietzsche e o nazismo.
Foi apropriação, explicou o professor. Ele também disse que a filosofia não torna ninguém crítico, veja-se o nazismo, que também tinha seus filósofos. Tudo bem, veja-se você, meu caro, falando numa tevê monopolista e de história de apoio a regimes autoritários, sem criticá-la (pois isso é impossível, ela não permite, só mediante liminar na justiça, como se pode ver no vídeo incluído nesse blog).

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